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segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Coisas da Guiné - 37

14 de Agosto de 1965

Este local ficava frente ao Hospital Militar 241-Bissau
Eu bem que tinha colocado no calendário do Outlook, deste dia do mês de Agosto, um lembrete, para ver se não me esquecia! E que chatice, ia mesmo passando... conto o que é:
Esqueci-me por que já foi há muitos anos... (desculpa esfarrapada...)
Porque estas coisas nunca esquecem.
A minha juventude, como a de tantos outros, foi «atirada» para África, concretamente para a Guiné. Os documentos daquele tempo que nos «ofereciam» na tropa não mentem, porque escriturados minuciosamente, onde nada faltava.
Então li e reli e a coisa foi assim, segundo o documento:
«1963. Embarcou em Lisboa, em 14 de Julho, com destino ao CTI da Guiné, fazendo parte da CCaç 462. Desembarcou em Bissau em 21 de Julho, desde quando conta 100% de aumento no tempo de serviço.
1965. Embarcou em Bissau de regresso à Metrópole em 7 de Agosto, desde quando deixa de contar 100% de aumento no tempo de serviço. Desembarcou em Lisboa em 14 do mesmo mês».
Aqui fica a efeméride, triste efeméride (enquanto obrigado a ir e a permanecer na Guiné), alegre efeméride, porque iria, finalmente, ser livre (em parte). E lá tive de ir de comboio, um dia inteiro, em 1965, de Lisboa a Campanhã, depois daqui à Régua e para finalizar naquele comboio «horrível», da linha do Corgo, mas agora saudoso, da Régua até Chaves.
Ali chegámos estava o dia quase a acabar. Tivémos de desfilar, como era da praxe, pelas ruas da cidade. Mas até tinham refeição preparada para a malta comer. E local para dormir. Mas qual quê, ninguém ou poucos comeram (eu um deles) e quase ninguém, ou mesmo ninguém lá ficou. O que eu e outros queríamos era chegar a casa. E metemo-nos numa aventura.
Fomos direitos a um táxi, discutidos preços, lá vem um homem trazer-nos ao Porto. Por ruas e estradas que, actualmente, nem o diabo delas gostaria. Lembro-me de ter chegado, com mais outros, salvo erro 5 camaradas, às cinco da manhã a S. Bento.
Aí mesmo, logo que as horas se tornassem convenientes, toca de requisitar bilhete e vir até Aveiro.
Interessante recordar agora, tinha dito à minha mãe e ao meu pai, que chegaria cerca das 17 horas ao apeadeiro de Aguieira, o mais próximo da minha residência, no comboio (o saudoso Vouguinha) que ali passava mais ou menos àquela hora. Isto já no dia 16 de Agosto, porque entretanto ficámos uma noite em Lisboa no Regimento de Engenharia, de 14 para 15 de Agosto. Já nem sei, tal era a ansiedade, porque pouco tempo lá estive. Penso que apareci, como outros, no quartel, de manhã cedo, para o pequeno almoço e para o transporte até Santa Apolónia.
O que é certo é que ainda durante a manhã do dia 16 já estava em Aveiro. O dia 15 foi passado na viagem de comboio até Chaves...
Mas como tinha informado que a minha chegada era àquela hora (17h), fui passear e rever esta bela cidade capital do meu distrito, tão diferente em dois anos de ausência, almocei já não sei onde, e, chegada a hora, lá apanhei o comboio de regresso a casa.
Ia, finalmente, acabar de vez com as preocupações principalmente da minha mãe (e de tantas outras, ao tempo), pois meu pai tinha ido a Lisboa ao Cais de Alcantâra, se não estou em erro.
E assim, foi aquele dia 14 de Agosto de 1965, que terminou no dia 16 por volta das 17 horas.
Que deixou dois anos de marcas, menos incisivas que as de outros camaradas...

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