segunda-feira, 30 de março de 2009
POR TERRAS DO VOUGA - I
quinta-feira, 26 de março de 2009
quarta-feira, 25 de março de 2009
ARRANCADA-IRMANDADE DE Nª Sª CONCEIÇÃO-V
PROTONOTÁRIO: - Aparece este termo, quando se dirige ao Dr. Ambrósio de Oliveira e Gama. Por certo que se tratava de um clérigo bastante culto e estudado, até pelas habilitações que sobre ele se referem. Assim, PROTONOTÁRIO, era um título honorífico atribuído pelo Papa a alguns sacerdotes, como aliás refiro numa das passagens sobre a Irmandade. Mas há ainda Protonotário apostólico, um Dignitário da Cúria Romana, incumbido do registo e expedição dos autos pontificiais. Este termo já era utilizado na antiguidade romana, por se tratar de uma Dignidade conferida ao principal notário dos imperadores (Notário-mor). Na Idade Média, era o nome dado aos arqui-chanceleres ou chefes de chancelaria.
BREVE: - É uma Carta Pastoral do Papa, de forma mais simples que as bulas. O BREVE mais antigo que se conhece é da autoria do Papa Bonifácio, que remonta a 1303. O BREVE é um escrito pontifício com uma decisão que não abrange nem é do interesse geral (universal) da Igreja. Por isso, BREVE é o documento do Papa que é dirigido particularmente a uma comunidade ou instituição, com algumas regras que estas deviam observar.
CABIDO: - Contrariamente ao que a palavra possa, à primeira impressão, sugerir, não se trata de uma pessoa, mas de um conjunto de pessoas. Se sinteticamente fosse explicado, dir-se-ia que é: um conjunto de cónegos de uma catedral. Indo um pouco mais além, há formas um pouco mais completas que definem a palavra como um “agrupamento de cónegos ou de outros sacerdotes, instituídos para assegurar o serviço religioso numa Igreja Catedral ou numa colegiada e, no primeiro caso, também para colaborar no governo de uma diocese.”
segunda-feira, 23 de março de 2009
ARRANCADA-IRMANDADE DE Nª Sª DA CONCEIÇÃO-IV
Serve-nos de referência a data do documento Pontifício, que assinala a sua fundação, em 9 de Setembro de 1610. Em bom rigor, talvez seja mais antiga, pois essa antiguidade poderá ser contada, segundo os critérios adoptados, desde a primeira reunião em que algumas pessoas decidiram organizar-se, formando a referida Corporação ou Irmandade. Na nossa opinião é aí que se dá a fundação. Mas não temos documentos. Aquela data será a da sua oficialização, legalização e reconhecimento oficial. De forma continuada será, certamente, a «Instituição» mais antiga da freguesia.
Depois há outros factos, de que muita gente se lembra, como era o caso, por exemplo, do que os Estatutos antigos chamavam o «andador». E um dos últimos (talvez não o último, porque penso que o sr. Arnaldo terá feito esse serviço) foi o Sr. Arlindo, que muitos conheceram e que era a pessoa que com uma pequena sineta percorria os principais lugares da freguesia, a pé, tocando-a de vez em quando.
Quando se via e ouvia esta sineta, de imediato as pessoas acercavam-se do Sr. Arlindo e ele informava que tinha falecido o “Confrade fulano” ou o “Irmão Beltrano” (fosse homem ou mulher). E informava a data do funeral e a hora. E era ver uma quantidade enorme de pessoas, de opas brancas, alinhadas pela berma da estrada desde a morada do defunto até ao cemitério. Se fosse membro da Irmandade, tinha ainda direito a ser transportado de “carreta”, como se chamava na altura. Era um veículo de quatro rodas, revestidas de borracha, como alguns coches e com dois volantes, um de travão e outro para controlar a direcção.
No final do cortejo fúnebre, chegou a existir, nas escadas da torre do adro da igreja, a chamada e registo dos presentes. Pois era preciso cumprir os Estatutos, ou seja, quem não respondesse à chamada, seria sujeito a uma multa.
Não vamos evidenciar as festas e o aniversário, que eram acontecimentos religiosos e sociais com bastante preponderância. Como me dizia pessoa das minhas relações recentemente, quando lhe dizia que a Irmandade é muito antiga, respondeu-me que além de antiga, está em vias de extinção. Cremos que não…
De notar ainda que neste pequeno resumo, que não é nem pretende ser uma história completa e exaustiva da Irmandade de Nª Sª da Conceição, há ainda dois pormenores que creio são bastante curiosos.
Primeiro: - A Irmandade, inicialmente, não era só de invocação de Nª Sª da Conceição, mas também de Santa Isabel, como diz o art.º 1.º dos Estatutos, “que nos primórdios da Irmandade foi também da sua invocação, deixando de ser homenageada em consequência da falta de recursos”. É interessante a redacção justificativa. Havia duas festas no ano, sendo uma a 2 de Julho (Dia da Visitação) e a outra, como sabemos, em 8 de Dezembro. Chegou a Irmandade a ter cerca de 600 membros.
Segundo: - A descrição feita sobre as cerimónias fúnebres dos Confrades, dá a entender serem de certa sumptuosidade e até de alguma morosidade, isto é, seriam cerimónias bastante prolongadas: “fazem na dita capela três ofícios de nove lições cada um por cada defunto irmão, com a assistência de nove padres, a quem paga a mesma Irmandade, e dá cera para eles, e pontifical preto com sebastos de brocatel amarelo”, diz-se no capítulo I dos Estatutos.
Como ficou prometido, há ainda uma referência ao lugar de Arrancada, no livro “Corografia Portuguesa – Lisboa M.DCCVIII – P. António Carvalho da Costa” quando este trata do concelho de Guardão, (Caramulo), página 190, que na parte que interessa, diz o que a seguir se reproduz:
“eraõ tambem Freguezes os moradores de Agueda, que dista outras três legoas desta Igreja (de Nª Sª da Assunção, no concelho de Guardão-Caramulo) para o Poente, & os do lugar da Arrancada, que fica no mesmo emisferio. Consta isto, além da tradição, de hũa pedra, que está na porta travessa da Igreja, cujo letreyro já se naõ póde ler, porém o treslado della tirado autenticamente continha o referido.”
(Continua com pequenas explicações)
domingo, 22 de março de 2009
ARRANCADA-IRMANDADE DE Nª Sª DA CONCEIÇÃO-III
Tendo nós cuidado com grandes desejos da salvação do rebanho do Senhor entregue a nosso cuidado pela Divina disposição, ainda que com poucos merecimentos; Convidamos de boa vontade com mercês espirituais, a saber:
Indulgência e remissões de pecados a todos os fieis Cristãos a exercitar obras pias e de merecimentos para que apagada a mácula de seus pecados pelo exercício das mesmas obras, mereça, chegar mais facilmente aos gostos da Eterna Bemaventurança. E como assim, conforme se nos expôs, na Paroquial Igreja no lugar de Arrancada, Bispado de Coimbra, está instituída uma pia e devota Confraria de fieis Cristãos homens e mulheres debaixo da invocação da Conceição Bemaventurada Virgem Maria para louvor de Deus Todo Poderoso, Canonicamente, contudo não por homens de uma especial arte, cujos Confrades amados filhos se desejam exercitar em boas obras; portanto para que os mesmos, e os que pelo tempo forem Confrades da dita Confraria sejam muito mais convidados a se meterem na Confraria desta maneira; e a dita Igreja será tida em devida veneração. Confiando nós na misericórdia der Deus Todo Poderoso, e na autoridade dos seus Bemaventurados Apóstolos S. Pedro e S. Paulo, concedemos e damos a todos os fieis Cristãos
Dadas em Roma junto a S. Marcos, no ano da encarnação do Senhor de mil seiscentos e dez, aos nove de Setembro, aos seis anos do nosso Pontificado.
Notas:
1) Sabemos que estas coisas de história são, por vezes, extensas. Em publicações bloguistas não é aconselhável. Mas se fosse reduzida a descrição deste documento, ficaria certamente bastante “danificada” e "amputada" a essência do que se pretende conhecer e historiar.
2) Além de outros pormenores, de referir que foi respeitada a ortografia utilizada na época, conforme se encontra no original (séc. XX, ano de 1944).
3) Ficamos cientes que a fundação da Irmandade de Nª Sª da Conceição, em Arrancada, completa 400 anos no próximo ano 2010. Não seria interessante assinalar a efeméride com um programa adequado?
sábado, 21 de março de 2009
ARRANCADA-IRMANDADE DE Nª Sª DA CONCEIÇÃO-II
«Tem este lugar 209 fogos, 479 pessoas maiores, 100 menores e 46 ausentes; 17 clérigos, 13 presentes e 4 ausentes, e são por todas as pessoas 642.»
«… Ambrósio de Oliveira e Gama, graduado na faculdade dos Sagrados Cânones pela Universidade de Coimbra, Ben.do em a Igreja de Nossa Senhora dos Anjos de Vª de V.de. do Patriarcado de Lisboa ocidental, e Arcipreste desta sua Igreja e anexa de S. Tiago do Préstimo e todo o seu distrito, por provisão do Ilmº e Revmº Cabido da Santa Sé deste dito bispado de Coimbra, Sede Episcopal Vacante.» (De informações paroquiais em 1721).
Sofreram os dois documentos preceituais várias alterações no decorrer do tempo, e em 1861 novo estatuto foi organizado, e este substituído pelo de 1883, aprovado pelo Governador Civil de então, em 13 de Dezembro do referido ano, o qual foi coordenado e escrito pelo professor João Baptista Fernandes de Sousa, inteligente e prestável cidadão, a quem os contemporâneos tributaram elevada consideração. Representa este último estatuto modelar conjunto de prescrições, pelo qual a Irmandade se conduziu até hoje, e que somente a nova situação trazida pelo Concordata recentemente assinada obriga a substituir, por se tornar agora a Corporação apenas dependente das autoridades eclesiásticas. (Citamos a História constante dos Estatutos e relembra-se que isto foi escrito em 1944).
Guardamos ainda para outra oportunidade uma referência a Arrancada que consta no livro antes citado quando se refere a outro concelho.
sexta-feira, 20 de março de 2009
ARRANCADA-IRMANDADE DE Nª Sª DA CONCEIÇÃO-I
"Os lugares pertencentes à dita Villa, & Freguesia de Vallongo saõ os seguintes.
Arrancada tem duzentos e nove visinhos, alem de onze Sacerdotes com o lugar da Aldea; tem huma Ermida de N. Senhora da Conceyçaõ, onde há hũa Irmãdade muito authorizada, & nesta Ermida se fazem os Officios dos Irmãos. Tem mais no cimo do dito lugar outra de Santo Antonio, & no meyo do lugar hum Cruzeyro com sua abobada, & imagem de Cristo, ao pé do qual se arremataõ as fazendas, q se haviaõ de vender no pelourinho de Vouga, & se faz só no lugar de Arrancada por costume antigo."

Naquela época, a expressão de que “há uma Irmandade muito autorizada e nesta Ermida se fazem os ofícios dos Irmãos”, leva a crer que o autor da obra de Corografia Portuguesa, P. António Carvalho da Costa, Tomo Segundo, acima citado, quereria certamente dar a entender que se tratava de uma importante Irmandade e, com o termo, “muito autorizada”, talvez enaltecendo ainda a sua antiguidade e os fins com que tinha sido criada.
E concerteza que esta suposição encontra abrigo e confirmação nos Estatutos, cujos 500 exemplares foram impressos na PAP. VENEZA, Rua Jardim do Regedor, 49 – LISBOA, trabalho este datado de 20-9-1944, a que não será alheia a interferência de Souza Baptista, cujos Estatutos, no capítulo I começam com uma…
HISTÓRIA
Que diz assim:
"A Irmandade de N. Senhora da Conceição, com sede na capela da mesma invocação, em Arrancada do Vouga, freguesia de Valongo do Vouga, concelho de Águeda e diocese de Aveiro, haverá tido por seu primeiro estatuto o breve do Santo Padre Paulo Quinto, dado em Roma em 1610, que ao fim desta nota vai transcrito, ao qual deve ter sucedido o aprovado em 1648, de que nos dá notícia o Protonotário Ambrósio de Oliveira e Gama, pároco de Valongo, na informação paroquial que escreveu em 1721, cujos dizeres na parte concernente a Arrancada, são como segue:
"No lugar de Arrancada há duas capelas, uma de Stº António, com retábulo de talha doirada, e outra de Nossa Senhora da Conceição, com três altares, o maior com retábulo de talha doirada e com tribuna, onde está a imagem de Nossa Senhora estofada, e os retábulos dos colaterais são de pedra. Nesta capela há uma irmandade da dita Senhora, com estatutos aprovados pelo Senhor Ordinário em 31 de Agosto de 1648, e consta hoje de 600 irmãos, que todos trazem suas véstias brancas com murças e capelinhas da mesma cor; tem tumba própria com pano de veludo negro, com barra de tela branca, com franjinhas e franjão de oiro, e, quando vão acompanhar os seus irmãos defuntos, levam guião negro e bandeira como da Misericórdia, e tem também 26 clérigos irmãos, que todos acompanham com suas sobrepelizes a Irmandade, sem que por esta assistência e acompanhamento os herdeiros do defunto lhes dêem cousa alguma; fazem na dita capela três ofícios de nove lições cada um por cada defunto irmão, com a assistência de nove padres, a quem paga a mesma Irmandade, e dá cera para eles, e pontifical preto com sebastos de brocatel amarelo; fazem duas festas no ano: uma em dia da Visitação, a 2 de Julho, a que assistem todos os irmãos, e outra em dia de Nossa Senhora da Conceição, a 8 de Dezembro, e a nove um aniversário por todos os irmãos defuntos, a que assistem todos os irmãos seculares de véstia e eclesiásticos com suas sobrepelizes a cantar, e no mesmo dia dizem todos missa pelos ditos defuntos, a quem paga a mesma Irmandade, no fim do qual aniversário fazem eleição dos novos mordomos e oficiais da Mesa, que consta de Juiz, Escrivão, Tesoureiro e dois deputados e um andador».
(Continua)
sábado, 14 de março de 2009
quinta-feira, 12 de março de 2009
LENDA DA PONTE DO RIO ALFUSQUEIRO
Uma pessoa que conheço, referindo-se a esta lenda, acrescenta uma frase curiosa: “poderíamos até dizer que é um tempo em que o Diabo ainda precisava de andar pela terra a negociar almas”.
Assim, aquela ponte era imprescindível para permitir a passagem para os que residiam ou se deslocavam àquelas serranias e foi um cristão que se comprometeu a fazê-la mas verificou, quando pretendeu dar-lhe início, que era enorme e temerária a obra em que se envolvera.
Neste momento de aflição do cristão, surge-lhe o diabo em pessoa a informá-lo que ele e os seus demónios ajudantes se encarregariam da empreitada. Mas, como negócios são negócios, havia a questão do pagamento. Ficou assente que a moeda utilizada seria a alma do cristão.
A escritura, diz outra versão que consultei, foi assinada com o próprio sangue do cristão. E nela ficou consignado que a obra deveria estar pronta à meia-noite do dia de Natal desse ano, ao cantar do galo. O cristão lá ia verificando o andamento da obra, aliás de magnífica arquitectura e começava a dar sinais de temeridade pelo negócio em que se envolvera.
Se a este cristão, no percurso da sua vida lhe apareceu o diabo, porque não aparecer uma boa fada? E terá sido isto o que aconteceu.
Essa fada instruiu o cristão na maneira de se ver livre deste compromisso, não deixando de ter a ponte que tanto ambicionava e necessitava. A fada deu-lhe um ovo e disse:
- A obra ficará pronta à meia-noite em ponto. Vais junto da ponte e ficas atento aos últimos trabalhos e assim que o diabo colocar a última pedra, atira o ovo ao longo da ponte e vais ver que tudo corre bem...
E a lenda conta ainda que estava o diabo e os seus ajudantes a colocar a última pedra de remate, quando o cristão atira o ovo pelo chão ao longo do tabuleiro da ponte, este rolou, bateu numa pedra e quebrou-se. Nesse momento, saiu dentro do ovo um belíssimo galo de plumagens admiráveis, que começou a cantar enquanto batiam as badaladas da meia-noite.
E assim, por uma questão de segundos, o diabo da ponte do Alfusqueiro perdeu a aposta e o cristão manteve a sua vida.
Seja como for, como tenho costela do Préstimo (não sabiam, era?), aqui fica a Lenda da Ponte do Rio Alfusqueiro, que aqui ilustro com fotos recentes, não sem acrescentar, que quando ia ao Préstimo (e não havia a estrada que há hoje, pois passava encostada ao longo do monte que fica mesmo à saída da ponte, para quem vem do Préstimo, do lado direito, que nem de bicicleta se podia subir até chegar à entrada de A-dos-Ferreiros) parece que as pessoas demonstravam algum receio em por lá passar noite dentro. Mas não posso confirmar… a não ser falar com algumas pessoas do Préstimo mais idosas…
quarta-feira, 11 de março de 2009
segunda-feira, 9 de março de 2009
REVISTA "VALONGO À VISTA"
quarta-feira, 4 de março de 2009
REVISTA "VALONGO À VISTA"
Creio, porém, que é oportuno aqui deixar esclarecido um facto que julgo importante, mesmo após ter feita a publicação deste apontamento. Relaciona-se com o nome de alguns "actores locais" que participaram na apresentação deste espectáculo.
Os nomes apontados, apenas se referem aos elementos que estão nas fotos que no artigo anterior me referi. Todos sabemos que havia mais pessoas além das que foram fotografadas. Por isso, fiz uma pesquisa aos nomes dos intervenientes nos diversos quadros e encontrei a seguinte lista, que, talvez até, esclareça algumas interrogações entretanto colocadas.
Pela ordem em que tenho organizadas as fotocópias, são os seguintes os "actores" que encontrei:
- Manuel Lopes
- Cândido Corga
- Manuel Fernandes (Manuel Biscoito)
- Ester Lopes
- Albertina Rodrigues
- Odete Vasconcelos
- Maria Arede (talvez Maria Rita, irmã de Bruno Herculano, facto a esclarecer)
- Fernando Miúdo
- José Maçoida (José Almeida ou José Patocha (?))
- Norberto
- Gabriel Corga (já falecido aquando da obtenção de fotocópias)
- Mabília
