Em Setembro de 1996, no Jornal Paroquial «Valongo do Vouga», do qual era director o Pe. António Ferreira Tavares, havia uma rubrica intitulada "ÚLTIMA COLUNA", da minha autoria e que abordava comentários sobre alguns problemas ou acontecimentos da altura. Num desses comentários que, actualmente, como antes, não quero que se misture com especulação política e a que dei o título acima, dizia o seguinte: --------------------------------------------------------
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"Em tempo recente, estávamos a fazer um trabalho paroquial e deparámos com um problema que nos assaltou o espírito: isto de servir, em cargos públicos ou não, não é para auferir benesses e privilégios.
Escrevemos ainda que «o exercício da autoridade, na Igreja, no Estado ou em qualquer outra Instituição, deve ser ocasião de serviço». Mas não parece ser o caso de certas pessoas no exercício dos seus cargos.
Lembrei-me dos Ministros e consultei alguns livros que me dessem o significado da palavra e, num livro, surge uma definição de «membro de qualquer governo, geralmente com funções determinadas»; no dicionário da língua portuguesa, 6ª edição, da Porto Editora, define que é «aquele que está encarregado de um ofício ou função; servidor; executor» e lá está que a origem da palavra deriva do latim «minister», quer dizer, «que serve».
Podemos ficar cientes que, afinal, ser ministro de um cargo no Estado (ou na Igreja), é para servir e não para servir-se.
Por outro lado, admiramos bastante todos aqueles que ainda conseguem arranjar disponibilidade para estar ao serviço das instituições, (até no caso da nossa freguesia) sejam elas culturais, desportivas, religiosas ou outras. Tornar-se disponível para estar ao serviço dos outros, é preciso muita força e muito desprendimento e nunca pensar em tirar proveito de certos cargos, sejam eles pecuniários, sociais ou outros. Só assim é que se consegue o carisma e a plenitude total do significado servir.
Contudo, era pura ilusão o meu raciocínio e descabido de qualquer factor que se enquadrasse num sonho de ver todas as pessoas ao serviço umas das outras, em completa harmonia e concórdia, enfim, numa entre-ajuda perfeita e total. Ou seja: SOLIDARIEDADE.
E essa ilusão foi violentada quando olho para o lado e vejo numa página do Jornal «Expresso» de 7 de Setembro de 1996, uma notícia cujo título dizia; «Portugal tem 227 políticos na reforma» e no corpo da notícia se mencionava que estes iriam custar à Caixa Geral de Aposentações (ao país, dizemos nós) mais de 100 mil contos, o que dá uma média de 400 contos mensais por cada um. Menciona ainda os seus nomes, com remunerações por acumulações de outros cargos. E para obter aquela reforma é apenas necessário que sejam cumpridos oito anos de vida política.
E aqueles que labutam durante dezenos de anos de trabalho, e depois auferem reformas aviltantes, entende-se desde já que os comentários ficam dispensados.
É difícil aceitar este estado de coisas pois, para alguns, servir é mais que isso. É arranjar meios para que a vida sorria melhor..."
Prezado bloguista:
Por favor não confunda a ideia de então, que até está expressa em escudos, moeda em vigor na altura, para aquilo que é susceptível de acontecer passados doze anos. Ou seja, parece que pouco ou nada se alterou. Ou, talvez, se acentuou ...
1 comentário:
...sem comentários... já que tudo está à vista.
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