É isso mesmo!!! A justiça, sendo cega, parece que comete injustiças. No caso que agora passo a citar, é, na minha opinião, bastante injusta, senão mesmo despropositada e exagerada no preciosismo da sua aplicabilidade.
Para introito, basta. Vamos à história...
Sou leitor medianamente assiduo do "Jornal 24horas". Cito esta fonte, para os devidos efeitos. No número do dia 20 de Outubro (ontem), trazia uma notícia que passo a resumir:
Uma idosa, ao que tudo indica na notícia, abraçou uma vocação de missionária. Pertence a uma congregação, que não se especifica qual é mas que, para o caso, pouco importa. E como tal madre Teresa de Calcutá, "entrega-se aos outros" para fazer o bem, segundo o seu múnus, a sua vocação, a sua vida.
Embora de origem abastada, desprendeu-se e renunciou a todos os bens materiais e não tem nada nem usufrui de nada, costuma ainda dar o que tem, segundo o "Jornal 24horas". E lá vai ter com os marginais e, para o fazer, não tem dinheiro para o autocarro. Até que...
...chegou a certa altura foi multada em 50 euros por andar de autocarro "à boleia". Também não pagou a multa, porque, repita-se, não tinha dinheiro. Vai daí, foi um instante em que no processo foi lavrado o respectivo despacho a decretar a sua detenção e prisão, lançado e publicitado em tudo quanto era instituição da autoridade, creio.
Levou ainda uma sova, no Bairro onde queria desenvolver a sua actividade de bem-fazer, porque os traficantes desconfiavam que ela era informadora da polícia. Conforme consta na notícia, a sua generosidade e entrega fez que, como resultado da agressão, fosse transportada para uma Esquadra e como ali estava o mandado do Juiz, o agente não tinha outro remédio senão levá-la à cadeia de Santa Cruz do Bispo. E ela lá está a cumprir a pena de 30 dias de prisão efectiva.
Para esta "eficiência" da justiça, não tenho palavras. Por isso, socorrendo-me do "Jornal 24horas", respigo ainda, da autoria do jornalista Gonçalo Pereira, o seu comentário ná página 4, na rubrica NOTA DO DIA. Diz assim:
«Uma freira, já a entrar na terceira idade, está atrás das grades por não ter pago um bilhete de autocarro nem a multa devida pela "viagem à pendura".
A história é fantástica. Fala-nos de uma senhora que acredita poder fazer a diferença por conversar com jovens que andam em verdadeiros cursos de formação de criminosos. Mas que, por causa disso, levou uma sova de um grupo de traficantes de droga. Quando se deslocou à polícia para se queixar, foi levada para a cadeia devido ao tal "golpe do bilhete".
Pergunta-se: que terá passado na cabeça do juiz para mandar prender uma senhora a caminho da velhice por causa de um punhado de euros? Se calhar quis fazer dela um exemplo, tipo "dizem que a justiça deixa os facínoras ficarem na rua, mas já vou mostrar que não é assim".
Um tipo em situação ilegal em Portugal viola uma rapariga e é mandado em liberdade. Um sujeito abate outro dentro da esquadra e regressa a casa por ordem do juiz. Uma sexagenária anda de autocarro sem bilhete e o que faz? Atira-se a velha para a cadeia, claro! E quem lhe deu a surra? Aposto que ainda por aí anda.»
Da minha parte não encontro outras palavras para mais comentários. O destaque desta história não é feito por estar envolvida uma freira. Se a notícia referisse uma pessoa pobre, carente de meios, sem ter nada (e há tantas por aí!!!), tomaria a mesma posição de a destacar através deste meio. Mas há ainda duas pequenas histórias, uma que o "Jornal 24horas" também publicita relacionada com esta e outra que nos contaram há muito tempo. Remeto os meus ilustres visitantes para essas duas histórias que conto em separado desta.
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