Frontaria da igreja de Valongo |
Os ventos da República, como durante muito tempo era vulgar tal designação, trouxeram ao país muitas modificações, algumas completamente surpreendentes quanto inesperadas e até de alguma perplexidade, entre elas a muito propalada Lei da Separação da Igreja do Estado. Hoje já nem tanto contestada mas, contrariamente ao impacto inicial, considerada lógica e natural. Tudo vai evoluindo... algumas coisas no bom sentido... outras nem tanto assim. Mas isso, agora, pouco importa.
Pelo espaço cibernauta encontramos alguns resquícios que estão nos arquivos, e estes à disposição do público para consulta.
Também no que à freguesia diz respeito, lá encontramos as actas que se elaboravam e constituíam um inventário de bens e valores que a lei determinava que se realizassem. Meticulosamente, era feita a descrição de tudo o que estava no templo, seus arredores, capelas e outros locais de culto. O inventário era realizado com a presença de algumas personalidades dotadas de poderes jurídicos e públicos para o acto. Isto é, com autoridade, mas... havia sempre um mas...
Já aqui fizemos referência a estes factos. E prometemos trazer alguns indícios. Vamos tentar traduzir - o que está a ser um pouco difícil - o que consta nessas actas, correndo o risco de interpretar mal alguma palavra ou palavras que a caligrafia utilizada venha a confundir, involuntariamente, como é natural. Abaixo, deixamos também as digitalizações dessas páginas, que respeitam ao
Arrolamento ou inventário dos bens e valores pertencentes à Egreja da freguesia de Vallongo, concelho de Águeda
Aos dez dias do mês de Agosto de mil novecentos e onze, nesta freguesia de Vallongo, deste concelho e Egreja matriz desta mesma frreguesia, aqui foram presentes os cidadãos - doutor Eugénio Ribeiro, na qualidade de administrador do concelho, João Baptista Ferreira Vidal, Presidente da Junta de Parochia desta freguesia, comigo Joaquim Augusto Almeida e Silva, aspirante de finanças, servindo de secretário de finanças do concelho, no impedimento do respectivo, aqui, em conformidade com o disposto no artigo sessenta e três da da lei da da separação da Egreja do Estado, de vinte d'Abril do corrente ano, se procedeu ao arrolamento ou inventário dos bens e valores pertencentes à Egreja, a saber:
Uma egreja que se compõe de sachristia, uma capela, e uma casa contígua, cinco altares, baptistério, (cera?, não se percebe bem), púlpito, tudo com dois sinos grandes, relógio na torre, com as imagens de Sam Pedro, Santa Maria Magdalena, Santa Tereza, Senhora do Rosário, Santa Luzia, Santo Afonso, Sam Lázaro, Sam Sebastião, Senhora da Soledade, Menino Jesus, Um oratório; dois crucifixos de madeira; Uma cadeira parochial; seis bancos de pinho; Dois confessionários; Dois crucifixos de madeira; uma cadeira parochial; seis bancos de pinho; dois confessionários; (dá-me a impressão que há coisas repetidas) uma credencial; etc., etc., etc.
Há dificuldades em se perceberem algumas palavras. Por isso, deixamos a digitalização, começando depois uma série de descrição de peças metálicas utilizadas em actos litúrgicos ou solenes, os quais, se percebe, são de algum valor.
Aqui ficam as três páginas do arrolamento da Igreja de Valongo.
A ortografia é aquela que consta no documento, como se pode ver.
Basta clicar para aumentar.
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