O viveiro de camélias da Junqueira
A freguesia da Junqueira, no concelho de Vila do Conde, é alvo de muitas notícias e reportagens dos mais variados órgãos de comunicação social. Ali está uma pequena quinta que se dedica à criação e desenvolvimento de camélias, também conhecidas por Japoneiras, por terem origem no Japão.
No sábado dia 26, porque quem gosta deste tipo de plantas não suporta ter de faltar a uma oportunidade desta visita, lá ajudei a deslocar-se. Ao lado, um autocarro com mais pessoas. E lá fomos. Era um grupo interessante.
Pelo caminho, aproveitou-se para conhecer, por visitas guiadas, o que era a cidade de Vila do Conde no tempo dos descobrimentos e das transacções comerciais do século XV. E conhecer o recuperado edifício da Alfândega Régia daquela época.
Esta alfândega servia de entreposto a todas as mercadorias transportadas pelas naus de então, um barco considerado de certo porte para cargas substanciais para a época, e muitos outros navios que chegavam e ali atracavam carregados, provenientes do norte da Europa, mas, por não estarem presentes à sua chegada quaisquer oficiais alfandegários, os direitos reais eram ocultados.
Naquele edifício, primorosamente recuperado e restaurado, estão lá as figuras e apetrechos principais para cobrar os impostos alfandegários dos anos de 1400...
Logo à entrada um boneco impecávelmente «vestido» à época, diz que era o «recepcionista» que registava a mercadoria entrada. Lá dentro, o pesador, depois o oficial que tomava nota do peso e da mercadoria. Em plano superior o juiz, que ditava a última palavra, sobre se achava equitativas as operações de pesagem e valorização, após arrematação dos interessados, que estavam também em plano superior, do lado contrário ao da localização do juiz. Quando este anunciava o valor, havia um outro, identificado no slide, que tomava nota da importância que o juiz tinha anunciado em voz alta.
História curiosa, esta, além daquela que resultou da visita à nau ancorada no rio. Não faltam todos os pormenores que as naus possuíam, desde os porões, vasilhas para água e outros líquidos, até aos quartos dos oficiais mais categorizados que tinham direito a alojamento. Uns cochichos, mas um luxo. Porque os restantes, principalmente a tripulação, ficavam no convés e lá pernoitavam, pois se dormiam - não sei bem como era possível dormir - porque por cima dos seus corpos apenas tinham a cobri-los a lua e as estrelas.
Estas reconstruções são da maior importância, porque mostram o modo de vida e de sofrimento que aquelas corajosas pessoas tinham dentro de tais embarcações, porque demoravam 9 meses numa viagem da Indía a Lisboa. E quem olha para aqueles espaços, mal imagina que transportava cerca de 120 a 150 pessoas, todos tripulantes.
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