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sábado, 5 de março de 2011

Terras do Vouga

Vouga e Lamas

O «Inventário Artístico de Portugal - Distrito de Aveiro - Zona Sul - 1959» dá-nos uma panorâmica histórica sobre Lamas do Vouga que, admitimos, é importante recordar, apesar de, históricamente, existir muita coisa escrita. Da página 22 daquela obra, respigamos algumas passagens importantes:

IC2 - EN1 e Ponte Medieval do Marnel

«Reune a freguesia quatro povoações na confluência do Marnel com o Vouga; duas delas nos terrenos intermédios - Lamas junto àquele rio, a de Vouga ao do mesmo nome - ficando no morro a nascente os restos romanos, tradicionalmente apontados pelos escritores.
Vouga foi cabeça de antigo concelho que, no fim da Idade Média, abrangia algumas freguesias envolventes, no todo ou só em parte. O principal aglomerado deveria ter sido o de Arrancada, que ainda hoje conserva regular conjunto de velhas casas.
A última concessão do julgado de Vouga fê-la D. João I, em 1398, com todos os bens que eram de Egas Coelho, passando a Castela, a Diogo Lopes de Sousa, 18º senhor da grande casa de Sousa. Veio, por herança, aos condes de Miranda do Corvo e depois marqueses de Arronches, e aos duques de Lafões. A época constitucional ainda aqui organizou um concelho do novo tipo que acabou em 1853.

De grande interesse é porém para a história, na primeira reconquista, dos séculos IX e X, na recuperação muçulmana seguinte, até ao definitivo domínio cristão no século XI. Nenhuns restos materiais foram encontrados dessas épocas; o que igualmente tem acontecido em outros pontos em que uma boa documentação revela o antigo povoamento local.
Essa importância na alta Idade Média teve como base os nateiros dos mencionados rios, que aqui alargam, região esta que podemos chamar a confluência fértil.
Esta razão foi completada pela linha de trânsito sul-norte. O estudo topográfico geral convence que esse atravessamento fluvial deve remontar às pistas aborígenes e que sempre foi decalcado pelas estradas até à actualidade.
As ruínas romanas do cabeço dominante, que tanta impressão fizeram nos nossos antigo escritores, deviam ter-se mantido destacadas por largo tempo. Há anos atrás foram as suas subestruturas postas a descoberto (actualmente estão as ruínas arqueológicas devidamente destacadas e cientificamente registadas e tratadas).
Este ponto, pois, tem de merecer sempre cuidadosa atenção aos estudiosos tanto da época clássica como da alta Idade Média, e ser tido em conta quer em identificações quer em conceitos históricos gerais.
A igreja, na primeira reconquista, deveria ter assentado no sítio em que se manteve até ao século passado [século XIX], na margem sul do Marnel.
Formou pequeno mosteiro que aparece designado «mosteiro do Marnel a que chamam Santa Maria de Lamas». Doado em 957 por Indérquina Pala a S. Salvador de Viseu, foi todavia, no ano de 961, na grande doação que a mesma fez ao mosteiro de Lorvão, incluído com aquele e as vilas rústicas que tinha naquela região. A vila de Lamas volta-nos a aparecer noutra doação ao laurbanense, em 981, por Gonçalo Mendes. Essa categoria de mosteiro desapareceu com o novo domínio muçulmano.
Em documento de 1050, já próximo à reconquista definitiva, a vila rústica de Santa Maria de Lamas encontra-se relacionada entre os bens, recebidos em herança e a recuperar, de Gonçalo Viegas e de D. Chamôa, além de Pedaçães com outros em riba Vouga.»


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