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quarta-feira, 6 de maio de 2009

25 DE ABRIL DE 1974-EPISÓDIOS - II

No último post deixei uma pequena curiosidade do que se passou no inicio da manhã de 25 de Abril, quando me encontrava em Lisboa.
Pegando no local onde deixei o referido post, o que a seguir se passou comigo e com um companheiro de trabalho, foi que, naturalmente, nos dirigimos para o local de trabalho e ali aguardamos instruções.
Esse local ficava mesmo em frente da avenida António Augusto de Aguiar, onde, como já expliquei, se encontrava o comando geral da PSP. Dada a imponência do prédio, pelo menos em altura, interessava-nos ver. Então toca de “assaltar” o 11º andar e dali apreciar o que se ia passando, mas que pouco ou nada víamos. Até que cerca das 9h30 da manhã lá recebemos instruções que, não havendo condições para trabalhar, podíamos ir embora.
Foi o que gostámos de ouvir. Dali, a nossa preocupação foi ir de imediato para a baixa. Como os transportes, nas artérias de acesso à baixa, eram escassos, lá fomos avenida da Liberdade abaixo, até aos Restauradores, Rossio e Rua Augusta. Foi uma bela estafa e um bom exercício físico!
Se naquelas artérias, pouco depois das 10 horas da manhã, ainda se andava quase normalmente, passar a Rua Augusta e chegar à Praça do Comércio, é que já não havia nada para ninguém. À entrada desta rua e das seguintes na baixa pombalina, alguns militares devidamente armados, mas com uma calma impressionante, como se nada se estivesse a passar, barricavam, com postura um tanto discreta, diga-se de passagem, e apenas nos disseram que não nos deixavam ir ate à praça do Comércio, por uma questão de segurança. Agradecemos e demos meia volta…
Mas a nossa curiosidade era ver o que se passava junto dos edifícios que constituíam a sede dos ministérios (a praça do Comércio, como se sabe e já referi). Então, a primeira coisa que foi feita a seguir, foi, já próximo de Egas Moniz, comprar um pequeno receptor, pelo qual íamos ficando a saber o que se ia dizendo e passando.
Sendo o objectivo o que já antes referi, só nos restava um local alto, para melhor poder ver para baixo – para a Praça do Comércio, repito – e assim a ideia foi ir a pé até ao Castelo de S. Jorge. E lá fomos a subir. Chegados ao Castelo, nada vimos de especial a não ser um barco da marinha de guerra que andava rio acima, rio abaixo, precisamente na direcção dos Ministérios.
O tempo passou e era quase meio-dia. Regressados ao “local do crime” (o Rossio, entrada da Rua Augusta), vimos ainda chegar a coluna militar do capitão Salgueiro Maia, bem como todo o aparato do cerco feito ao Quartel do Carmo, da GNR, como se sabe.
Lá deixámos o Salgueiro Maia fazer as suas operações e fomos almoçar. Esta tarefa foi a mais difícil, porque encontrar na baixa um restaurante aberto, era coisa impossível. Lá tivemos que calcorrear outra vez a avenida da Liberdade, até próximo do Saldanha e aí encontramos um restaurante, onde pudemos saborear, ainda me lembro, umas batatas fritas, porque daí a pouco após a nossa entrada, também o proprietário do restaurante o encerrou.
E o receptor de rádio lá continuava… até que tive, durante o almoço, de o desligar. Estivemos quase uma hora sem saber nada…

A seguir: - Como foi a nossa tarde de 25 de Abril em Lisboa… depois faremos um resumo dos jornais.

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