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quinta-feira, 25 de junho de 2020

RECORDAÇÕES DO MARNEL - I

Autor: - Joaquim Soares de Sousa Baptista

Proveniente da uma publicação periódica, emitida pelo Arquivo do Distrito de Aveiro, já referida anteriormente, na qual pontificavam profusos apontamentos históricos, de ilustres colaboradores aveirenses, dos quais destacamos, Augusto Soares de Souza Baptista, que foi residente em Pedaçães, após bastantes anos emigrado no Brasil seguindo as pisadas de seu irmão  Joaquim Soares de Souza Baptista, antes epigrafado e que assinalou a sua presença naquela publicação com interessantes  factos históricos, que se recordam nestas transcrições, tentadas por scanner informático. Por este processo, tentou-se  fazer a «colagem», mas a qualidade que permite a sua leitura é bastante deficiente. Vamos ver o que se segue...

*****

        «Para além, o anfiteatro de Macinhata com seu branco casario espreguiçado ao longo da bem lançada encosta rematada pela edificação ampla onde inúmeras crianças vêm ao ensino das primeiras letras. A poente da planície ergue-se o tabuleiro da Mesa, localidade que este nome obteria em consequência de algum dólmen ali existente, e ora desaparecido, ou pela conformação do montículo em que demora, que a do móvel com igual chamadoiro faz recordar. Montículo prolongado em sucessiva maior altura pela colina de Serém, onde ainda podem observar-se restos do antigo convento e alguns poucos dos vetustos vegetais que pertenceram ao povoamento da que foi a grande e pitoresca mata do referido recolhimento, edifício;  edifício e povoamento hoje substituídos por moderna construção e jardinagem floral e pomareira, limitadas a poente pela estrada nº 10 (?), que em diagonal rasga a vertente, a meio do dorso ou alto desta mostrando-se elegante estância de repouso de onde se desfruta uma das mais belas perspectivas entre as sem conta que Portugal oferece ao turista.

    Para sul, declive menos áspero se desenrola, em cujas largas depressões abundante material tosco e trabalhado com inúmeros objectos de uso caseiro tem sido recolhido, remanescente atestado das fidalgas moradias dos Senhores do Marnel, e desde o seu sopé atoalham as águas hectométrica planície que o separa da outra banda, onde se ergue o monte do Toural em cuja base perduram ainda minguados restos da velha igreja de Santa Maria do Marnel (da qual nos restam algumas fotos que esperamos poder aqui «colar»).

São as águas do rio Marnel. Melhor: do rio do Marnel.

Quer dizer: no que se espraia ou desagua em um marnel, pois Rio Marnel não seria cousa de compreender.
De facto, parece não oferecer dúvida que ao tempo ainda do domínio árabe, as águas do mar, por extenso braço, chegaram até Vouga, localidade a poente da qual viriam reunir-se-lhes as marnelinas através do apertado lamaçal ocasionado pelo estorvo que ao escoamento destas últimas opunha o levantamento do fundo do braço, em consequência do assoreamento neste processado pelo caudal do Vouga; levantamento que, embora atenuado pelo afundimento provocado pela subida da costa marítima, que deu lugar ao aparecimento, mais tarde, da pateira da Boca, no Marnel, e da de Fermentelos, no Cértoma, uma e outra em crescente estendimento, continua em nossos dias, obrigando o Marnel a prolongar seu leito junto à aba da colina de Pedaçães até alcançar altura ou nível em que àquele caudal possa confluir, o que actualmente só consegue a meio caminho da Fontinha, seja a uns dois quilómetros a jusante da primitiva foz.»





Fotos que retratam resquícios de um altar, que ali se conserva à custa de algumas crendices





2 comentários:

Isamar disse...

Olá Sr, José,

Não haja dúvida que cada vez que vimos aqui, "saímos" sempre mais cultos.
Mais outra curiosidade que não conhecia.
Fico à espera de mais.
Beijinhos

José Marques Ferreira disse...

Olá Isamar!

É muita gentileza, o que foi escrito e que apenas hoje eu reparei, porque esta coisa não dispara (não alerta quando chega aqui).
Obrigado!
JM Ferreira

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