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sexta-feira, 13 de março de 2020

AUGUSTO SOARES DE SOUZA BAPTISTA - 3

-Continuação do post nº 2 descritivo da chegada ao Brasil, em 1919, do Dr. Souza Baptista, que consta num livrinho que nos serve de suporte, antes evidenciado e que aqui foi destacado em 13 e 14 de Outubro passado:

Panorâmica vista de Pedaçães para o Marnel, 
avistando-se ao longe a igreja de Santa Maria de Lamas

- "Pouco a pouco, fui alargando o círculo das minhas relações. A minha profissão abria-me as portas ao contacto com todas as categorias sociais.
 Como andarilho, percorri todos os recantos da cidade, das favelas aos bairros ricos da burguesia. Guiado por Euclides e por muitos outros expoentes da inteligência brasileira, poderosa e promissora, espelhando, pela graça de Deus, a exuberância da terra em que nasce e cresce, conheci os sertões do Brasil. Vi o homem trémulo de febre e de cansaço abrindo caminhos na floresta densa em busca da seringueira perdida a imensa riqueza Amazónica; vi-o rasgar o corpo por entre os espinhos da caatinga torturada pela seca, para fugir à morte impiedosa; vi-o na vida farta e  voluptuosa dos Senhores de Engenho e dos seus meninos; nas lutas pela posse da terra e na imaginosa hora trágica do cacau, em que a riqueza das tintas e o mistério das sombras buscaram intencionalmente as fronteiras do sofrimento humano, - como aviso  terrível de horas mais trágicas a vir; vi-o, mais além na vida descuidada dos senhores do café e na vida apertada dos que o cultivam; conheci, enfim, a liberdade bravia do homem do sul, estendendo os braços para a imensidão das suas campinas, onde Deus permite que a riqueza cresça mesmo contra a lei do suor do rosto.

 Eu já trazia de Portugal um Brasil pintado na minha imaginação. Lá estavam as fronteiras, os rios e os lagos, montanhas e planícies, estados e suas capitais; país imenso de imensas riquezas, habitado por um povo livre e independente, que falava o português e era  católico, apostólico romano. Pátria de Clóvis Beviláqua, de notabílíssima cultura jurídica, de Rui Barbosa, cujos discursos eram lidos em todo o mundo, de poetas e oradores, de sábios e inventores. O Brasil era um país como os outros países grandes, cujos nomes o mapa ensinava."

Notas:
1) - A foto que ilustra este apontamento é da igreja de Santa Maria de Lamas, obtida de Pedaçães, onde residiu o Dr. Augusto Baptista.
2) - Foi presidente interino do Real Gabinete Português de Leitura do Rio de Janeiro, entre 1959/1960.

3 comentários:

Isamar disse...

Olá Sr. José,
Tão bom ler estas histórias das ilustres figuras da nossa freguesia.
Venham mais!
Beijinhos

Sofia disse...

Boa noite :)

Descobri agora por acaso o seu blog, por causa de uma pesquisa relativa ao Marnel e fiquei umas horas a ler os excertos de Vaz Ferreira e a ver fotos e entradas do blog. Um máximo, obrigada pelo trabalho e por ter divulgado as suas pesquisas :) (sou do Lameiro).

Sofia

José Marques Ferreira disse...

Olá Sofia!

Fazer um simpático comentário em 28 de Abril de 2020 - praticamente no início da pandemia - e não lhe responder, é preciso ter muita falta de respeito - no mínimo - pela sua simpatia. (não a conheço, o que não é de estranhar - e logo aqui a dois passos, porque eu estou em Carvalhal da Portela.)
Cedo criei curiosidade pela história de alguns locais, que foram aqui mencionados.
E a propósito! Onde fica o Lameiro, que sei ser aqui perto (Mesa?).
Se necessitar de mais algumas dicas de pesquisas, é só dizer que há por cá mais...
Obrigado,

JM Ferreira

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