Introdução
Não cuidei em confirmar, mas há cerca de dois anos que tinha «abandonado» este cantinho. Aqui estou de volta face às vicissitudes que a vida nos "empresta", como se pode ver no post que antecede este.
É por isso e em memória daquela flor que deixei de ver aqui em casa, deixei de ouvir - quase em jeito de "ordem" do alto da escada interior da habitação - frases deste género para quem mal balbuciava algumas palavras: - "Avô, qué Super Mário", ou seja, queria que lhe ligasse o computador para ver os desenhos animados da Internet do Super Mário. Paulatinamente, mas com a natural assiduidade que as circunstâncias ainda me permitem, cá virei, pensando sempre no Lucas. Um nome bíblico, tal como o mano David.
*****
Pessoa que me é próxima emprestou-me para ler um livro, da autoria de Reza Aslan, nascido no Irão e que, citando de cor, vive nos Estados Unidos da América, entre Nova Yorque e Los Angeles, com a mulher e dois filhos.
Actualmente é um académico prestigiado, e o livro tem por título «O ZELOTA - A Vida e o Tempo de Jesus de Nazaré». Rico em factos, teorias, muita história e pouca teologia.
Aquela pessoa chegou a afirmar-me que «essa coisa de Jesus Cristo e dos Apóstolos» (e mais coisas do género) é uma fantasia usada para diversos fins e, mais virilmente, uma grandessíssima aldrabice. Como é que um livro interfere naquilo que passa a ser a única verdade? Fiquei surpreso e curioso.
Logo que pude li o livro, que, como se compreende, não poderei (nem deverei) aqui reproduzir.
O que me ficou na retina era poder saber onde, como e com que argumentos e factos poderia aquele Iraniano confirmar aquilo que se poderia chamar uma patranha com uma idade de mais de 2.000 anos?!
Seria ele, o iluminado, que em pleno século XXI viria, finalmente, clarificar o messianismo que os Judeus ainda esperam? E, em segundo lugar, temos de constatar que estamos perante um islamita actualizadíssimo e competente.
O conteúdo das suas páginas, brilhante na arrumação, argumento e organização foram colocadas com toda a competência e saber.
Porém, para não nos alongarmos, apenas evidenciamos uma nota sobre os Sumos Sacerdotes e a sua hierarquia, a riqueza de que desfrutavam em detrimento dos pobres que marginalizavam e que viam em Jesus um «estorvo» para as suas funções e objectivos de vida. Como se sabe, os sacrifícios eram pagos conforme as posses e, por isso, é que quem não podia mais, apresentava apenas uma pomba. E o sacrifício de uma pomba, na «sua tabela de preços» era o mais baratinho que se podia arranjar.
Menciona também (e cito de cor, como disse) alguns 'desentendimentos' entre os discípulos de Jesus, entrando ainda em áreas históricas que não sabemos da veracidade da sua origem.
Para finalizar, pretendendo resumir o conteúdo de cerca de 400 páginas, era encontrar as situações desavindas e que ele, Autor, pudesse escrever, preto no branco: «É mentira tudo o que envolve Cristo e a Sua Vida.»
Paradoxal e surpreendentemente não encontrei naquelas páginas nada parecido, que me confirmasse o que ainda é mistério, matéria discordante e incomodativa, agnosticismo, anti-cristianismo primário propalado e seguido por muita gente. Que se respeita.
Reza Aslan que passou muito do seu tempo de vida, vivido até agora, de volta de muitos papiros, com muitas viagens à mistura, com muito saber despendido, finaliza nestes termos aquela importante obra:
«Dois mil anos mais tarde, o Cristo da criação de Paulo integrou completamente o Jesus da história. A memória do zelota revolucionário que atravessou a Galileia, reunindo um exército de discípulos com o objectivo de estabelecer o Reino de Deus na terra, o pregador magnético que desafiou a autoridade dos sacerdotes do Templo em Jerusalém, o nacionalista judeu radical que desafiou a ocupação romana e foi derrotado, perdeu-se quase completamente na história. É uma pena. Porque a única coisa que qualquer estudo global do Jesus histórico confiantemente revela é que Jesus de Nazaré - Jesus, o homem - é tão cativante, tão carismático e tão louvável como Jesus, o Cristo. É, em suma, alguém em quem vale a pena acreditar.»
Se o autor finaliza assim, é porque reconheceu e reconhece Jesus como Aquele que efectivamente cumpriu a Sua Obra. Então, vale mesmo a pena acreditar.
E não esqueçamos que o autor do trabalho é Iraniano, pelo que é sintoma de muito incómodo, ainda hoje, Aquele que incomodou e perturbou muitos mais nestes dois milénios.
Sem comentários:
Enviar um comentário