CONFERÊNCIA
"Da opulência à ventura" - II
Autor: Inspector Gomes dos Santos
Insp. Gomes Santos |
A segunda parte da conferência da autoria do Inspector Gomes dos Santos, realizada, como é dito antes, em 19 de Março de 1929 e cujo conteúdo era dirigido, na sua génese, a Souza Baptista. E o seu conteúdo era constituído pelo que a seguir se transcreve.
*(1) - Abílio Quaresma, talvez por lapso, provocou aqui uma incorrecção do nome.
*****
E o Inspector Gomes dos Santos continuou:
- Sim, meus senhores, depois de tantos trabalhos é que ele voltou com uma cultura mais ampla, com uma das maiores fortunas do distrito e, louvado Deus! - com o mesmo nome honrado.
Com maior cultura porque o Brasil é uma terra de promissão, formosa e moça, pujante de vida, sequiosa de progresso. Dela disse há meses a figura mundial do ex-primeiro ministro inglês Lloyd George, que será em poucos anos uma das maiores e mais belas nações do mundo: «One of the greateste and the most beautifly countries in the World.»
Com uma fabulosa fortuna, porque o seu labor inteligente e metódico, honrando assim o espírito português de Além Atlântico.
E , finalmente, com o mesmo nome honrado que lhe veio do berço que ele agora faz reflorir e remoçar com a ternura tão docemente saudosa de verdadeiro português.
E é por isso, meus Senhores, que eu peço perdão para evocar uma figura, nesta singela homenagem póstuma, uma figura que foi alguém nesta terra, e que há muito se apagou na solidão do túmulo.
Pobre semeador de luz que, mercê da morte, não colheu o fruto da sua esplendorosa sementeira, mas conseguiu que todos os seus filhos se pudessem impor como modelos de probidade e valimento, numa época de progressiva decadência moral.
E isto lhe baste, à sua grata memória de pai.
*****
Fui exageradamente longo, e, por isso, vou terminar.
Antes, porém, quer dizer-vos o seguinte:
A súmula doutrinária de uma das mais belas religiões do mundo, enquadra-se nesta legenda: «Não penses nunca em ti, mas sempre no bem-estar dos outros.»
Quando cada um, de per si, fizer isto, a humanidade terá encontrado o paraíso perdido.
Porque a maior felicidade não corresponde à maior riqueza.
Conta-se que o último rei da Lydia, Crésus, o mais célebre dos milionários da antiguidade, inebriado pela sua fabulosa fortuna, perguntara um dia a Sólon se este porventura conhecia um homem mais feliz do que ele.
Então o legista respondeu-lhe que nenhum homem, antes da morte, poderia ser saudado com o nome de feliz.
Breve o experimentara Crésus. Vencido, feito prisioneiro e condenado à morte por Cyrus e já sobre a pyra fúnebre que o volveria ao primitivo pó, lembrou-se então das palavras de Sólon e por três vezes pronunciou o seu nome.
E é fama que Cyrus, perguntando a causa dessas exclamações,tanto se comovera da piedade com este exemplo das vicissitudes da fortuna, que lhe perdoou...
Eis aqui um facto histórico, que ficará através dos tempos, como símbolo de como é inconstante e contraditória a felicidade.
E assim, nesta sequência ideológica, afirmarei o paradoxo de que o sr. Sousa Baptista, com todas as suas dádivas, tão prestimosas e magnânimas, será cada vez mais rico e mais feliz.
Quando, meus Senhores, sobre o pó das gerações passadas, se tiverem apagado as pégadas da geração presente - de vós, de mim, de todos nós -, as pegadas desse homem, como as do Conde de Sucena, do Visconde de Salreu e doutros, ficarão contando os séculos, como esses vestígios como outrora os pegureiros deixaram sobre o grés plástico dos cêrros, e que o tempo endureceu, petrificou, eternizou!
Sim, mais feliz e mais rico. Mais rico da nossa admiração e da nossa simpatia, - a mais nobre, a mais doce e perdurável riqueza, que os espíritos superiores encontrarão na Terra!
Termina aqui, segundo o que se conseguiu pesquisar da conferência sobre Souza Baptista, proferida pelo Inspector Gomes dos Santos em Março de 1929.
Pela nossa parte, esperamos ter contribuído para aclarar melhor as qualidades e os feitos deste benemérito de Valongo do Vouga. E um pouco da sua história. Cujas acertadas justificações e adjectivação foram melhor traduzidas pelo conferente, também um grande Homem da cultura e das letras.
Fonte: - Soberania do Povo de 13 de Abril de 1929
Breve o experimentara Crésus. Vencido, feito prisioneiro e condenado à morte por Cyrus e já sobre a pyra fúnebre que o volveria ao primitivo pó, lembrou-se então das palavras de Sólon e por três vezes pronunciou o seu nome.
E é fama que Cyrus, perguntando a causa dessas exclamações,tanto se comovera da piedade com este exemplo das vicissitudes da fortuna, que lhe perdoou...
Eis aqui um facto histórico, que ficará através dos tempos, como símbolo de como é inconstante e contraditória a felicidade.
E assim, nesta sequência ideológica, afirmarei o paradoxo de que o sr. Sousa Baptista, com todas as suas dádivas, tão prestimosas e magnânimas, será cada vez mais rico e mais feliz.
Quando, meus Senhores, sobre o pó das gerações passadas, se tiverem apagado as pégadas da geração presente - de vós, de mim, de todos nós -, as pegadas desse homem, como as do Conde de Sucena, do Visconde de Salreu e doutros, ficarão contando os séculos, como esses vestígios como outrora os pegureiros deixaram sobre o grés plástico dos cêrros, e que o tempo endureceu, petrificou, eternizou!
Sim, mais feliz e mais rico. Mais rico da nossa admiração e da nossa simpatia, - a mais nobre, a mais doce e perdurável riqueza, que os espíritos superiores encontrarão na Terra!
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Termina aqui, segundo o que se conseguiu pesquisar da conferência sobre Souza Baptista, proferida pelo Inspector Gomes dos Santos em Março de 1929.
Pela nossa parte, esperamos ter contribuído para aclarar melhor as qualidades e os feitos deste benemérito de Valongo do Vouga. E um pouco da sua história. Cujas acertadas justificações e adjectivação foram melhor traduzidas pelo conferente, também um grande Homem da cultura e das letras.
Fonte: - Soberania do Povo de 13 de Abril de 1929
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