Os concelhos de Vouga, Aguieira e Brunhido
Pouco temos transcrito da Monografia de António Simões Estima, «De UALLE LONGUM a VALONGO DO VOUGA», Subsídios Monográficos, 2003, edição patrocinada pela Casa do Povo de Valongo do Vouga.
Neste trabalho há factos que são de realçar, como este dos concelhos, agora que tanto se fala em reformas administrativas, a nível das freguesias - e pouco a nível de concelhos - para se confirmar que Portugal esteve sempre mergulhado nestas andanças que, salvo opinião avalisada, eram constantemente alteradas, cheirando sempre mais a interesses pessoais, do que a facilidades de reorganização do território e sua administração. Vejamos este exemplo que nos narra António Simões Estima, na página 48 da Monografia citada:
«Já depois de criados os municípios de Aguieira e Brunhido, em 1514 e 1516, o município de Vouga, em 1689, abrangia os lugares de Arrancada, Carvalhal da Portela, Lanheses, metade de Aguieira (parte nascente do rio), Veiga, Sabugal, Cadaveira, Moutedo, Salgueiro, Viade, Redonda, Beco, A-do-Fernando, Cavadas, Troviscal, Toural e Levegadas.
Mas tarde, no chamado período de «danças» dos concelhos, tal a fartura de alterações concelhias, sofreu várias modificações. Pelo decreto de 28 de Junho de 1833, o concelho de Vouga ficou reduzido às freguesias de Macinhata, Valongo e Vale Maior.
Em 1850 o concelho tinha 2 juízes ordinários, dos órfãos e das sisas, 2 vereadores, 1 procurador, 1 escrivão da câmara, 4 escrivães do público, 2 almotacés, 1 alcaide, 3 capitães de ordenanças e 1 carcereiro, para além de outros empregados.
Os seus juízes, clérigos e militares, viviam nos principais aglomerados urbanos do concelho, como era o caso de Arrancada do Vouga, que chegou a ser sede provisória do município de Vouga, e aonde se realizavam os principais actos, como a arrematação de bens, no largo do Cruzeiro, então denominado Largo da Praça.
No Archivo dos Municípios Portugueses, de 1885, ao falar-se de Vouga, diz-se:
"A capital nominal deste concelho era a pequeníssima villa do mesmo nome, mas a sua verdadeira sede era o lugar de Arrancada."
Na Memória Sobre Foraes, a p. 164, diz-se: "Arrancada, com um cruzeiro com sua abóbada e a imagem de Cristo, ao pé do qual se arrematam as fazendas que se haviam de vender no Pelourinho do Vouga, e se faz só no lugar de Arrancada por costume antigo."
Foi monteiro-mor deste município o Dr. José Agostinho de Figueiredo Pacheco Teles e seu administrador João Baptista de Figueiredo Pacheco Teles, da casa da Quinta de Aguieira, respectivamente, pai e irmão do Visconde de Aguieira e seu Capitão-Mor José Pereira Simões, da Quinta do Laranjal - Arrancada do Vouga.
Este concelho viria a ser extinto pelo decreto de 31 de Dezembro de 1853, tendo a sua área de jurisdição sido incluída no concelho de Águeda, criado em 1834.»
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