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quarta-feira, 19 de setembro de 2012

As Meninas Mascarenhas

O LIVRO - LVI
 
As paredes deste solar são, agora, as únicas
testemunhas dos dolorosos factos aqui narrados
Depois da deslocação à Quinta da Cruz, de D. Maria Carolina, mãe das meninas Mascarenhas, entramos numa fase da narrativa bastante triste, dramática, sentimental e de momentos dolorosos. Por isso, em vez de resumir e restringir o seu conteúdo, penso que se deve fazer a transcrição, o mais próximo possível da realidade contida no livro. E este diz:
 
Mas, mal passado um ano de casamento, o céu de felicidade que envolvia o solar de Aguieira ia-se cobrindo de núvens. Uma vaga tristeza enchia os corações. D. Maria Mascarenhas, a noiva de Joaquim Álvaro, empalidecia e parecia adoecer.
Os seus olhos rasgados e límpidos tinham, às vezes, lágrimas, e na sua boca  inocente esboçava-se um sorriso de melancolia e resignação.
Joaquim Álvaro olhava para a esposa e sentia-se constrangido e aflito. Todas as pessoas da família se mostravam receosas, comunicando-se os seus pensamentos íntimos e dolorosos.
D. Maria foi sempre de débil compleição. A sua delicada figura denunciava facilmente a constituição anémica e linfática das criaturas condenadas a uma existência rápida na terra.
Ela mal se queixava, sofrendo as suas mágoas e a sua doença. Acudiram os médicos com os seus conselhos e os seus remédios, mas D. Maria piorava constantemente.
Joaquim Álvaro perdeu o ânimo e adivinhava uma desgraça, mas, os carinhos, os cuidados, as incessantes canseiras não abandonavam a doentinha.
Nunca houve princesa ou rainha mais ternamente tratada por tantos corações dedicados e aflitos. Mas D. Maria Mascarenhas ia morrer.
A tísica não perdoava e fazia mais uma vítima.
A morte caminhava depressa.
 
Para não alongar a leitura deste episódio, prometemos vir aqui com a transcrição da segunda parte, desde a visita do padre José da Fonseca, do Beco, a feitura de um testamento e, passadas algumas horas, após este escrito e legalizado com a presença do tabelião de Vouga, D. Maria Mascarenhas falece, destacando-se depois a descrição do funeral e da sua sepultura no lugar do Sobreiro.
 
(Continua)
 

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