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domingo, 17 de junho de 2012

As Meninas Mascarenhas

O LIVRO - LIII

Deixámos a última narrativa desta história, vivida na freguesia em finais do século XIX, na fase final da cerimonia de casamento, realizado em Travassô e com o regresso ao solar da Quinta de Aguieira, conforme escreveu o Dr. José Joaquim da Silva Pinho.
Relembramos que a edição, em 1983, foi feita sob a responsabilidade do jornal paroquial Valongo do Vouga, de que era director o Rev. padre António Ferreira Tavares.
Desta feita, transcrevemos na íntegra, o que consta entre duas fases de reticências, como que constituindo um capítulo. O seu conteúdo, como se pode ver, não podia ser amputado. Dizia:

Casa do Sobreiro onde residiu o morgado Joaquim Mascarenhas, pai das
Meninas Mascarenhas. O Visconde de Aguieira tinha de casar, por vontade
expressa daquele, com a filha mais velha. O que veio a acontecer quando esta
completou 12 anos de idade. Ver anterior post. Do lado esquerdo é vísível
a capela de Nª Sª das Necessidades, onde está sepultada D. Maria Mascarenhas
*****


«Todos os perigos haviam cessado.[com o casamento]
Joaquim Álvaro tinha casado com a sua pupila.
A vontade de Joaquim Mascarenhas fora cumprida.
No seu túmulo gelado, o morgado de Vilar, se pudesse saber que a cláusula testamentária, que falava do casamento de sua filha mais velha, fora religiosamente observada, teria um movimento de júbilo.
Da família de Torredeita já se não esperava resolução prejudicial à segurança dos recém-casados, porque não haveria na terra poder algum que desfizesse os laços que os ligavam.
Joaquim Álvaro entregou-se à direcção da casa de sua mulher, recobrando a administração dos bens do seu casal que tinha ficado na posse de Gonçalo de Subagoa, bisavô das menores, por causa do despacho do juiz de Tondela Ribeiro Abranches, que foi motivo dos enredos e lutas que resumidamente tenho historiado.
Melo e Silva, após esse despacho proferido em Janeiro de 1848, ofereceu uma resistência absoluta às diligências empregadas pela mãe das Meninas para se assenhorear daquela administração.
Ele bateu-se corajosamente, como um herói, não cumprindo até os mandatos da autoridade judicial, cuja legalidade não reconhecia.
Mas Melo e Silva foi cedendo, cedendo, até que, depois de muito batalhar, se entricheirou no seu último reduto, que era a casa de Vilar, onde residia como procurador da tutor das duas órfãs, fechando e trancando portas e janelas, resistindo até à última, não atendendo às súplicas e intimações do escrivão do processo, e declarando que não cederia.
Veio a justiça, a força pública pôs cerco à casa, e ele declarou que não se rendia e só dali o arrancariam pela violência quando arrombassem as portas.
Estava presente um representante do tutor nomeado e de D. Maria Carolina Bandeira da Gama.
O assédio durou três dias, tendo-se dado incidentes burlescos, que tiveram uma certa notoriedade no tempo e na região.
Mas os víveres escasseavam, a fome chegou.
Melo e Silva, que se prestava a ser arrastado pelos soldados que guardavam a casa, não quis morrer à fome. Ao fim do terceiro dia de cerco, estando a noite escura, precisando de alimentação, saltou um muro e foi de longada até Lourosa, refugiando-se em casa de Agostinho Pacheco, irmão de Joaquim Álvaro. Não aceitou nenhuma capitulação, foi vencido pela fome.
Era esta administração, perdida por um equívoco dos tribunais, que agora ficava, por direito incontestável, na posse definitiva da pessoa a quem legitimamente pertencia.»

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