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segunda-feira, 23 de maio de 2011

As Meninas Mascarenhas

O LIVRO - XLIV

Parte do lugar de Jafafe além da ponte ferro-rodoviária, sobre o Vouga, que liga aquele lugar com Sernada
Sei que há já bastante tempo que a minha actividade bloguista anda um pouco esmorecida. Não por falta de vontade, mas por outros problemas pessoais que me absorvem e ocupam.
Por isso, vamos tentar retomar a normalidade e focar este post naquilo que pode interessar a algumas pessoas que aqui vêm espreitar estas histórias.
Há já algum tempo - precisamente um mês - que aqui não trazemos qualquer coisa mais sobre esta romântica e apaixonante história do século XIX. Deixámo-la no momento em que o Dr. Silva Pinho tinha saído de um baile de máscaras, em certa medida perseguido, acobardadamente, por alguns mascarados, gritando-lhe que ele era o roubador das Meninas Mascarenhas.
Diz ele, na narrativa, que quando chegou à rua, «no pleno ar livre, respirou. Tinha a sensação de um sonho pavoroso de que acordara, sentindo-se aliviado.»
Os condiscípulos que o tinham ajudado a sair daquela situação sorriam, mas no fundo notava-se que também estavam tristes e condoídos com a desgraça do Dr. Pinho, consolando-o com palavras de encorajamento e amizade. E este respondeu-lhes assim:
- Sim, sim, aquilo foi uma cena de carnaval, mais ou menos galhofeira, mas eu declaro que nunca mais irei a semelhantes espectáculos.
Os seus amigos disseram-lhe que ele estava a exagerar as coisas, que a cena não se podia repetir, porque em outra não se iria meter o Dr. Pinho. Ao que ele responde:
- É possível que meta! Depende dos acontecimentos, dos homens e também das mulheres. Mas no que não me meterei mais é num baile de máscaras, juro-vos. Entraa gente no teatro para se distrair e folgar, e vê-se cercado de caras encobertas, pessoas nónimas e desconhecidas, que nos jogam chufas e grosserias. Agora rio-me, e até achava graça, se a partida não fosse comigo...
E lá foram os três amigos passar o resto da noite noutro espectáculo menos comprometedor e agressivo.
Mas os seus trabalhos no Porto, de apoio a Joaquim Álvaro, eram considerados findos. Os Bandeiras tinham recorrido para o Supremo Tribunal de Justiça, do Acórdão da Relação que dera provimento ao agravo interposto pelo Juiz de Tondela, pelo que se deveria esperar pela decisão superior.
E dizia o Dr. Pinho que mais nada estava ali a fazer. Estava-se em meio do mês de Março e era tempo de regressar a sua casa de Jafafe. Pois a sua vida tinha sofrido um acidente anormal, o seu escritório de advogado estava encerrado, os clientes esperavam por ele e, mais que isso, sua mãe chamava-o com as suas carícias. E partiu para aquela aldeia.

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