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terça-feira, 9 de março de 2010

A Junta de Freguesia na história - 20

Factos avulsos

Após a implantação da República, nota-se que há umas pequenas transformações na Junta de Freguesia, pelas características do conteúdo das suas actas. Socorrendo-nos apenas de alguns pequenos pormenores, a seguir descrevo os que podem constituir alguma curiosidade.
Em algumas actas, com relativa frequência, existem arrematações para venda de alguns bens perecíveis. Vamos ver em particular, pelo menos dois e ambos existentes no adro da igreja.

Foto: Manuel Teles in semanário «Mensageiro» da Diocese Bragança-Miranda, com a devida vénia

Sessão de 20/11/1910:
1) - Por meio de arrematação em hasta pública, deliberada a venda de uns arciprestes existentes no adro.
2) - Pôr a concurso o lugar de Coveiro, estabelecendo a Junta um ordenado anual, ficando como receita para a Junta as entradas e enterramentos. Os enterros e entradas passam a ser cobrados pelo tesoureiro mediante um documento passado pelo secretário e assinado pelo presidente, não podendo o coveiro enterrar ninguém, sem lhe ser apresentado o respectivo recibo.
Nota: - Nesta sessão, diz a acta que esteve presente o Regedor.

Sessão de 4/12/1910.
1) - Pela singularidade de que se reveste, pois idênticas a esta há bastantes deliberações do género (o que não admira), deliberado passar atestado de pobreza a Fortunata de Jesus, jornaleira, solteira, do lugar de Carvalhal da Portela, d'esta freguesia. É que tal singularidade vai ao ponto de ser uma pessoa do lugar onde resido desde 1967 e cheguei a conhecer a pessoa em causa. Só por isto é que evidencio o facto.
2) - Foi entregue o lugar de Coveiro a Patrício Dias Ferreira, deste freguesia, pela quantia de dezoito mil reis, ficando o dito Coveiro com o encargo de limpeza do cemitério e estipulando-se que a principiar em um de Janeiro de mil novecentos e onze.
Cada enterro de 1 a 7 anos paga de entrada a covagem quatro centos reis e daí para cima oito centos reis. (pois claro, já naquele tempo não eram nada meigos em taxas!)
E acrescenta que este presente o respectivo Regedor.

Sessão de 18/12/1910:
- Foi deliberado vender umas árvores existentes no adro por se encontrarem em completo estado de putrefacção.

Sessão de 8/1/1911:
- Oficiar à Câmara Municipal para ordenar o levantamento de matos e estrumeiras no lugar do Sobreiro.
Enalteço este facto, que parece não ter nada de especial a apontar, a não ser para relembrar que numa grande parte da população, se não mesmo a maioria, tinha o hábito (e a necessidade) de "produzir" matéria orgânica que servia depois para aplicação agrícola, sendo o adubo do tempo. Desta forma, junto das casas, mesmo à entrada, na sua grande parte e nas traseiras, o chão era coberto de plantas várias, entre elas o tojo, as rameiras, a caruma, as folhas de árvores, que com o tempo e humidade se deterioravam e depois eram carregadas nos carros de tracção bovina e levadas para as terras a cultivar.
Naqueles tempos não havia preocupação na preservação do meio ambiente, mas necessidade de deitar mão a algumas «invenções», já antes experimentadas durante décadas e tratar de «adubar» as courelas.

Sessão de 22/1/1911
- Deliberado distribuir a esmola doada por Manuel Joaquim Corga, legado aos pobres desta freguesia na importância de 31.500 reis, ficando distribuído da seguinte forma:
- Arrancada - 10.000 reis
- Aguieira - 4.000 reis
- Veiga - 3.000 reis
- Valongo - 5.000 reis
- Brunhido- 9.500 reis

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