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terça-feira, 20 de janeiro de 2009

VALE DO VOUGA - 100 ANOS DE HISTÓRIA-III

No que ao Vale do Vouga diz respeito penso que alguns factos, conhecidos ou vividos pessoalmente, também podem constituir história deste caminho-de-ferro.
No capítulo anterior mencionava que havia factos pouco conhecidos e que foram desenrolados na linha. Um desses factos relacionava-se com a adaptação (chamemos-lhe assim) das automotoras, cuja capacidade, ao que nos parece, era de 28 pessoas. A ficha de informação que se encontra junto deste veículo, em Macinhata do Vouga, não menciona este pormenor.
A adaptação e fabrico desses veículos foram realizados nas oficinas de Sernada do Vouga e tinham em vista adequar o transporte de passageiros à crise que se vivia então, com a II Guerra Mundial no seu apogeu. Agora não temos Guerra Mundial, e estamos em crise… (onde vai a graça? – perguntarão…).

Melhor que as palavras, a descrição da ficha referida:
«Automotora a gasolina, de concepção e fabrico da Companhia de Caminhos de Ferro para a exploração das linhas do Vale do Vouga. O primeiro auto-rali construído sobre chassis de um camião “Panhard-Levassor” no intuito de melhorar o serviço de passageiros numa época de crise (2ª Grande Guerra), utilizada no percurso Espinho - Viseu e Ramal de Aveiro.»
Especificações técnicas:
Série: - CP ME 51-53
Construtor: - Oficinas Vale do Vouga – Sernada
Ano de construção: - 1940
Nº de lugares: - ………
Tara: - 7,5 toneladas
Carga: - 1,5 toneladas
Comprimento: - 8,720 m
Revestimento caixa: - Chapa
Iluminação: - Eléctrica
Bitola: - Métrica

AUTOCARRO
Não resisto a contar duas pequenas histórias sobre este tipo de veículos. Na primeira relaciona-se, ainda antes de 1974, com um amigo residente na Cova da Piedade, que resolveu vir até à região de Aveiro passar um fim-de-semana com a família; esposa e três filhos.
Chegados a Aveiro, saem do comboio que os trouxe de Lisboa e um dos filhos reparou nestas automotoras que estavam estacionadas do lado nascente da estação de Aveiro, como todos se lembram. E, de repente, exclamou: -“Ó pai olha um autocarro com rodas de ferro!”

ACIDENTES
A segunda história é triste, porque refere graves e trágicos acidentes que chegaram a vitimar pessoas. Um deles, lembro-me ter ocorrido em 7 de Julho de 1957, com um pequeno Audi, de um modelo que não tenho presente, (mas que seria, na altura, um NSU Prinz, salvo erro) atravessou a passagem de nível sem guarda, na estrada Aguieira – Mourisca, sendo violentamente abalroado por uma automotora do modelo aqui reproduzido, que no momento circulava na linha, em direcção a Sernada. O carro era conduzido pelo Dr. Abel de Lacerda, grande coleccionador e fundador do museu do automóvel, com sede no Caramulo.
Neste acidente tenho bem presente que, penso ter sido, uma das duas primeiras ambulâncias da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Águeda, um furgão, marca VW (conforme foto ao lado, inserida na ilustração a seguir à página 166 do livro «Bombeiros de Águeda – Contributo para a sua história» da autoria do prestigiado historiador Dr. Deniz Ramos) devidamente adaptado na época e que transportou o corpo do malogrado Dr. Abel de Lacerda para o hospital. Nesse dia 7 de Julho de 1957, tinha decorrido uma reunião de pessoas ilustres na Quinta de Aguieira, a convite do Dr. Manuel José Homem de Mello. O site do Museu do Caramulo, faz referência a este acidente, mas não indica a data.
Entre outros acidentes, e foram vários, que ali tiveram lugar, de recordar ainda que foi nessa passagem de nível que foi vítima de acidente, sofrendo a amputação de um membro inferior, um conterrâneo, António Ferreira Fernandes, de Arrancada, que, durante muitos anos, teve uma sapataria na esquina da rua Cons. Rodrigues Bastos com a rua da Corredoura, falecido em 27 de Junho de 2001 e que residiu ultimamente no Vale de Silvares. Não temos presente a data do acidente, mas terá sido poucos anos depois do primeiro.
Uma outra pessoa da freguesia de Valongo do Vouga, foi vítima de um acidente brutal, quando o seu carro foi apanhado, neste caso, creio, por um comboio. O condutor do automóvel escapou à violência do choque, embora tivesse estado internado no Hospital de Águeda. Mas uma pessoa que o acompanhava acabou por falecer. A curiosidade é que a pessoa falecida tinha dado passagem (parece que era assim que se dizia) ao mesmo comboio, minutos antes, na passagem de nível da Alagoa, onde exercia funções. Também não sabemos a data deste acidente.
Admito que embora não constitua grande dose de história, são, pelo menos, dados curiosos, principalmente para quem não sabia.

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